Em Setembro de 1977
tinha lugar em Lisboa a reunião extraordinária do Conselho da Europa que refiro
algures.
Diligenciei – e tive
êxito – que a Espanha estivesse ali representada como observadora (ainda não
integrava o Conselho da Europa), o que aconteceu pelo seu ministro do Interior,
Rodolfo Martin Villa.
Aconteceu que em
1976, na paragem em Madrid a caminho de Atenas para a primeira reunião a que
assisti, com o mesmo estatuto ainda, encontrei à minha espera no hotel uma
pasta com a biografia de Martin Villa zelosamente preparada pela nossa
Embaixada, útil para os contactos que teriam lugar no jantar para que estava
convidado e em que ele era o anfitrião. O facto de termos a mesma idade (ele
mais velho um mês), sermos filhos de ferroviário, termos um casal de filhos e
idênticas responsabilidades públicas levou a que estabelecêssemos uma grande
empatia que muito me agradou e teve manifesta relevância no desempenho das
nossas funções e no relacionamento entre os dois Governos e Estados.
Aquando da reunião
em Lisboa, Martin Villa convidou-me para uma visita oficial a Madrid. Tal não
se verificou por ter cessado funções em Janeiro de 1978. É assim que vem a
surgir o seu convite, de que se dá nota, para uma mesma visita embora
particular. Só que não foi bem assim: teve para comigo deferências que não
esqueço e são pouco comuns – como forçar-me a acompanhá-lo na passagem em
revista de uma formatura de juramento de bandeira da Polícia - , promover um
encontro informal com o então Presidente do Governo de Espanha, Adolfo Suarez
(que veio a ser detentor de duas grandes condecorações portuguesas) em passeio
por Toledo ou a ser o convidado especial de uma recepção dada pelo Ministério
em que me fez entrega da honrosa Grã Cruz de Isabel a Católica cuja concessão
eu desconhecia por completo.
Muitíssimo agradáveis
foram os momentos de alegre convívio em sua casa, com os miúdos às cavalitas, os
passeios nas redondezas ou o almoço em Segóvia de leitão assado e partido por
mestre Cândido …com um prato que se mantinha inteiro e grande cerimonial.
Sabe bem recordar.
Manuel da Costa Braz