A ELEIÇÃO PARA A ASSEMBLEIA CONSTITUINTE
E OS MILITARES
Declaração de interesses :
1 - Fui o principal responsável pelo planeamento,
programação e execução das eleições, como titular que era do Ministério da
Administração Interna (MAI);
2 - Sou militar, então no
activo e agora, naturalmente, na reforma;
3 - Na circunstância, a reconstituição das
situações vividas há 38/39 anos assenta essencialmente na memória com os
inevitáveis riscos de fiabilidade – que aliás não receio sejam relevantes - e
em elementos de arquivo que me foram amável e diligentemente
proporcionados pela Direcção Geral da Administração Interna ;
4 - As auto-referências surgem por
imperativos da temática e da narração. Que me sejam relevadas;
5 - O ar ligeiro da escrita resulta também
da sublimação das enormes tensões, inquietações, dúvidas, valores das certezas
e a imensidade das tarefas vividas ao longo de mais de nove meses por todos os
responsáveis: é que tudo acabou em bem;
Introdução e enquadramento geral
O Segundo Governo Provisório, iniciando
funções em 18 de Julho de 1974, incluiu naturalmente no seu Programa como
encargo específico do Ministério da Administração Interna, à minha
responsabilidade, a realização das primeiras eleições, para a Assembleia
Constituinte, “dentro de um ano” – entenda-se até 25 de Abril de 1975 -, dogma
inscrito no Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA) para o “25 de
Abril”, em cuja elaboração eu próprio participara. Responsabilidade acrescida.
Do primeiro Governo Provisório pouco
recebi para o efeito para além de uma lista com algumas sugestões de nomes de
indigitáveis para Governadores Civis, sem demérito do meu saudoso amigo e
antecessor Joaquim Magalhães Mota: manifestamente que, reconheça-se, não teve
tempo nem condições, políticas e de poder funcional, para desenvolver questões
que ficaram pendentes e que tive como essenciais.
Nesse quadro de imperativos que houve que
identificar, - o que foi feito com as prestimosíssima colaboração, amizade e
camaradagem do Chefe de Gabinete, diria que obviamente também oficial do
Exército- se situavam a orgânica básica do próprio Ministério que havia de se
ajustar aos novos tempos e os pilares normativos para a vivência num regime
democrático que eram a definição do Direito de Reunião ( 29 de Agosto) -
que disciplinaria as manifestações que desordenadamente proliferavam e se
anunciavam por todo o País - , o Direito de Associação ( 7 de Novembro ) – que
conduziria à formalização da constituição dos Partidos Políticos e
institucionalização de Sindicatos -, e a própria lei dos Partidos Políticos (
também 7 de Novembro), - regulando a sua constituição, que entretanto se
verificava nascerem como cogumelos, a latere, em reacção ao
que anteriormente se verificava - . (Pude aqui contar com a prestimosa
colaboração e competência jurídica, entusiasmo e voluntarismo do Dr Manuel
Ataíde Ferreira, que já trabalhava o primeiro dos diplomas, tudo redundando num
conjunto de diplomas que ainda hoje estão vivos ou com adaptações introduzidas
pela AR devido às “alterações de circunstância” entretanto verificadas, num
trabalho de enorme qualidade tido pelo autor como seu dever de cidadão e em
consequência…substancialmente pro bono, modalidade que me parece
passou a ser rara).
Estava então igualmente em curso a
elaboração da Lei Eleitoral por uma comissão designada pela Junta de Salvação
Nacional e composta por dedicados, entusiastas e ilustres juristas, não
integrada no Ministério mas com estreita ligação, que cada vez mais se
desenvolveu.
Planeamento e Programação
Naturalmente que se tornou necessário
fazer o levantamento das actividades e acções a desenvolver no contexto que
defrontávamos quanto a estruturas existentes e ao ambiente social e político
que se vivia, com vista ao objectivo pretendido. E definir uma linha de rumo a
ser intransigentemente seguida, com forte vigor, bem como criar métodos de
rigor conducentes à insusceptibilidade de discussão ou dúvidas sobre a
exactidão dos dados a obter, como de facto se verificou.
(Por lembrança: em 28 de Outubro de 1973
tiveram lugar as últimas eleições para a Assembleia Nacional com a alegada
participação de 1.393.294 votantes, uma participação de 66,47% - o que
corresponderia a um total de inscritos de 2.096.124 - , não se registando votos
em branco nem nulos, o que é de facto assinalável !...).
Será oportuno e útil referir que se via já
então serem feitas proclamações e a promoção de alguns actos contrários à
realização das eleições, pelo que se teve de desenvolver, ao longo de todo o
percurso temporal, um conjunto de acções preventivas e reacções pró-activas que
vieram a forçar a inevitabilidade dessa realização.
E isto constituiu o objectivo estratégico
a que se subordinaram todas as acções desenvolvidas na “conduta”, (usando
terminologia técnica militar), que não é demais sublinhar.
Estava em curso a constituição de
Comissões Administrativas para as Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia
faltando umas centenas; havia que nomear os Governadores Civis; havia que
planear todo o recenseamento eleitoral de um universo agora bem mais alargado
de cidadãos com capacidade eleitoral activa, a que se seguiriam em curtíssimo
espaço de tempo, as próprias eleições, com metodologias rigorosamente
inovadoras na preparação, realização, fiscalização e transmissão segura de
dados.
Toda esta parte partindo do zero, dado que
a organização e estruturas que lhe deviam dar resposta eram nulas, porque
obviamente desnecessárias na metodologia eleitoral seguida até então, sendo
certo que, mesmo que existisse qualquer arremedo, estava naturalmente deslocado
nas caracterizações do momento então vigente.
Deve fazer-se notar aqui que os
imperativos apontados,- enunciando-se aliás apenas os mais relevantes,-
fazem depreender a existência de um número avultado e uma natureza muito
particular de acções a realizar, tudo impondo uma orientação definida e clara e
exigindo resposta quase simultânea, o que era manifestamente preocupante. Donde
a adopção de uma contra-medida para a execução geral, sustentada na
descentralização.
Por isso se tornou urgentíssima a nomeação
das Comissões Administrativas autárquicas e dos Governadores Civis, posto que
interviriam não só no recenseamento como depois no acto eleitoral.
Estávamos em Agosto de 1974 com horizonte
colocado, o mais tardar, em 25 de Abril de 1975!
Execução e Controle
Com a criação de um Departamento Eleitoral
(DE), dirigido pelo saudoso Ten Cor André Infante, coadjuvado por dois
juristas, num conjunto de oito elementos que incluía dois prestimosos
contínuos, foi accionada a nomeação e feito o acompanhamento da
implantação das Comissões Administrativas autárquicas. Todos em comissão
especial de prestação de serviços.
O Ten Cor Infante seria cumulativamente,
com uma pasta de boas dimensões que albergava um bloco de notas e a roupa
indispensável para a duração prevista da deslocação, o “embaixador itinerante”
que, com um motorista e num Peugeot modesto a gasóleo (na altura pouco usual) e
já um bocado cansado (agora ainda menos usual) percorreu o País em várias
etapas, visitando pelo menos as sedes dos 18 Distritos do Continente para aí
contactar nomeadamente os representantes locais dos anunciados e recém-nascidos
Partidos Políticos ou conhecidas individualidades sem ligação ao regime
anterior, recolher e fazer sugestões de nomes e informar-se das sensibilidades
sobre a sua aceitação em geral, resultando daí dois ou três para posterior
definição conclusiva.
(Não recebia ajudas de custo : apresentava
as facturas das espartanas despesas em refeições e alojamento e era reembolsado
pelo Gabinete do Ministro).
Em quatro dos vinte e dois casos houve
todavia que recorrer a militares, dada a dificuldade de obtenção de consensos
razoáveis ou por ser restrito o universo de escolha dentro dos perfis
adequados: Bragança, Beja, Setúbal e Horta, sendo oficiais superiores do
Exército os dois primeiros,- respectivamente o brigantino (!) Maj Fernando
Augusto Gomes e o quase bejense (!) Maj Francisco Ramos Brissos de Carvalho,
ex-envolvido no “golpe de Beja”, ambos já falecidos - e da Marinha os
terceiro e quarto.
Disse-se então, com boa disposição, do
cabimento desta diferenciação entre o “Exército” em terra e os “marinheiros”
nos portos, para estes poderem beneficiar da maresia a que estavam habituados…
Em Setúbal havia mesmo alguma “ondulação” menos cómoda, que foi bem resolvida !
Entendi que seria de utilidade geral que a
posse de todos e cada um dos Governadores Civis fosse dada por mim na Sede do
respectivo Distrito. E assim foi feito, em apreciável mas muito proveitosa
maratona que, iniciada intencionalmente no Funchal, por circunstâncias diversas
só veio a terminar depois de 28 de Setembro…
Este DE seria o embrião que evoluiu para
Secretariado Técnico para os Assuntos Políticos (STAP) (27 de Dezembro )
- vindo a resultar, aproveitando-se a eufonia da sigla que ficou na
memória, no Secretariado Técnico para os Assuntos do Processo Eleitoral
(STAPE) ( 7 de Maio de 1976 ), de relevantíssima intervenção em todos os
processos eleitorais, começando por este outro.
E deve referir-se que, com razões óbvias,
deliberadas e naturais responsabilidades pessoais e institucionais, foi
colocado na dependência directa do Ministro (situação que está de há muito
alterada…).
Sendo evidentemente o menos, deu-me alguns
incómodos, nomeadamente em três situações, a defesa intransigente, dura e
incisiva da sua respeitabilidade e do seu trabalho, aliás sempre demonstrada,
face a insídias politiqueiras ou humores desarrumados de alguns escribas. Já
atrás disse que não poderia haver a mínima dúvida sobre a fiabilidade dos
resultados finais que viessem a ser obtidos e isso teve de ser construído desde
cedo.
Entretanto, à medida que se ia caminhando
no tempo, iam-se levantando afazeres adicionais e cada vez mais se avolumavam
os trabalhos e nos apercebíamos da sua complexidade, pelo que houve progressiva
necessidade de ajustamentos de efectivos.
Já contava no DE, e incumbido do Gabinete
de Estudos Políticos (GEP), com a colaboração valiosíssima de um oficial da
Marinha conseguido com esforço do Almirante Pinheiro de Azevedo, então CEMA, o
Cmdt Almeida e Costa que, com o prolongado impedimento por doença do Ten Cor
Infante, veio a assumir a direcção do STAP. Juntou-se-lhe um outro oficial,
também da Marinha, que ficaria a superintender, com grande proficiência, a
relevante parte administrativa e logística.
Dois marinheiros - um deles telegrafista
para operar um telex… que constituiu notável melhoria das comunicações cuja
intensidade crescia a olhos vistos -, um telefonista dos TLP, um contínuo do
MAI e dois condutores da GNR, reforçaram na mesma altura os meios humanos.
Incluídos neste reforço sucessivo de
quadros, foram admitidos mais dois juristas, embora com carácter eventual, tal
como provisória era a atribuição dos restantes ao STAP. É que houve a
necessidade imperiosa de se criar, como complemento do DE, o Serviço de
Interpretação e Reflexão da Lei Eleitoral (SIRLE), e no qual colaboraram os
juristas em serviço no STAP. (Um deles, o malogrado Dr Mateus António Maniés
Roque, que viria a dirigir o STAPE e a trabalhar de novo comigo nas duas
eleições, autárquicas e legislativas, que tiveram lugar em Dezembro de 1979, na
vigência do V Governo Constitucional).
É de interesse e justo referir aqui a
ciclópica tarefa do SIRLE na adaptação da Lei Eleitoral aos condicionalismos
que, na prática, iam surgindo amiudadamente, em especial em função dos
resultados insuspeitados do Recenseamento Eleitoral de que advieram situações
de muito apuro quer sob o ponto de vista da exequibilidade, quer pelos
imperativos cronológicos estabelecidos na programação definida. Houve necessidade
de elaborar pelo menos 13 diplomas de ajustamentos relevantes, sempre com
premências temporais.
Anote-se que o STAP teve um efectivo
máximo que se situou entre 15 e 20 elementos !... e, pelos motivos já atrás
expostos se entenderá porque o acompanhamento que fazia da sua actividade teve
regularidade, pelo menos, diária, excepto nos impedimentos a que o cumulativo
de actividades me forçava.
Merece referência particular a integração
na equipa do STAP de um Inspector de Finanças que requisitei ao meu colega
daquela pasta para dar o seu apoio técnico e institucional. O acompanhamento da
regularidade da execução orçamental continuava a cargo da Delegação da
Contabilidade Pública pré-existente, mas o Orçamento do Ministério não
continha, seguramente por um optimismo que se manifestou desapropriado,
provisões para a realização de eleições nem para as actividades prévias e
conexas, conducentes naturalmente a dispêndios!... Não tinha sido prevista (!...)
a repetição das de 1973, já referida.
Devo aqui confessar publicamente que o
Gabinete do Ministro tinha uma conta bancária no Banco de Portugal como “saco
azul” que mantive e aumentei (tranquilizem-se as almas pias, bem intencionadas
e exigentes, que já prescreveram quaisquer prazos sobre as minhas responsabilidades
penais eventualmente contraídas…!)
É que adstrito ao MAI funcionava a
Comissão de Extinção da PIDE/DGS e da Legião Portuguesa, detentoras de bens
móveis e imóveis, interessando agora os primeiros para os efeitos pretendidos.
Foi assim possível fazer transitar para a tal conta do Gabinete os saldos que a
Comissão ia determinando. Determinação, trânsito e dispêndios acompanhados pelo
exigente Inspector de Finanças !
Com o que se me afigura fica explicada a
conveniência, necessidade e utilidade da sua presença e consequente requisição
como acto de prudência inspirado na “mulher de César” em qualquer localização
do “ser” e do ”parecer”!
Será também do conhecimento de poucos que
as despesas efectuadas com o recenseamento e posteriormente nas eleições foram
pagas substancialmente por aquela conta e ainda sobrou dinheiro. Sem dúvida
inusitado e insólito, mas com um enorme alívio de complicações administrativas
e burocráticas, incompatíveis com a celeridade que se impunha.
Parece-me ter completo cabimento, na ordenação
temporal, referir o facto de, no Ministério, os responsáveis particularmente
dedicados a estas tarefas eleitorais, no Gabinete e em especial no STAP,
realmente todos militares, terem incutido, sem esforço, nos seus colaboradores,
a quase totalidade jovens e voluntariosos, um muito particular sentido de
missão. Desenvolveu-se efectivamente um espírito de corpo invulgar, com um
empenhamento total no bom cumprimento das tarefas de tal modo que cada um se
superava na sua parcela para atingir o objectivo pretendido e a haver nisso
falha, que ela não resultasse da sua participação.
Dessa admirável equipa, que teve o
reduzido e muito dedicado número de elementos já referido, apenas um permanece
com intervenção nesta área: o actual Director Geral da Administração Interna,
que tem organicamente incumbências no campo eleitoral.
É igualmente oportuno e muito importante
referir também a ambiência social e política vivida na altura que nos importa:
segundo semestre de 1974 e primeiro quadrimestre de 1975. Alguns se lembrarão
disso ainda, passados que são quase 40 anos. Outros, desejando-o, poderão ter
dela informação fácil nos registos feitos então e ao longo do tempo decorrido.
Mas porque é de admitir que uma maioria a ignore, destacarei:
- primeiro a própria queda do I Governo
Provisório resultante, como elemento muito relevante, de uma procura de
alteração da sequência de eleições definida no Programa do MFA, que constituía
compromisso perante os seus concidadãos dos militares participantes daquele
Movimento e que teve aceitação generalizada e entusiástica em todo o País em 25
de Abril . Questão de procura impaciente de poder pessoal que pôs em
antagonismo de posições titulares do Poder Político instituído e o núcleo
base do MFA que, pela sua Comissão Coordenadora, não abdicou daquele
compromisso (situação que ficou conhecida, decerto para a História mas no meu
entender errada e injustamente para o titular, como o “golpe Palma Carlos”
sendo outros os responsáveis).
Acrescendo-se que tal pretensão nem
considerava a exequibilidade das pretendidas eleições presidenciais com os
elementos existentes, coisa que nem sequer foi questionada. Outras e relevantes
estórias.
- segundo, o episódio da “maioria
silenciosa” que passou pela Corrida de Touros no Campo Pequeno em 25 de
Setembro e culminou com o “28 de Setembro”, a renúncia do Presidente da
República, General Spínola, a queda do II Governo Provisório e início de
funções do III GP.
- terceiro, as muito frequentes
movimentações sociais, laborais e políticas, já com suportes partidários ou com
origem em grupos radicais, mesmo que enquadradas pelas disposições legais
entretanto definidas e atrás citadas.
- quarto, o relevantíssimo “11 de Março
de 1975” e suas sequências, altamente perturbadoras da vivência
económica, social e política, que viria a redundar no adiamento das eleições e
na queda do III Governo Provisório no dia 26 seguinte.
Este dia foi no entanto igualmente
relevante, pela positiva, para o Processo Eleitoral pois que, na agitadíssima e
conturbada “assembleia selvagem do MFA” que teve lugar no Instituto de Defesa
Nacional soube-se vencer a agitação e conseguir fazer prevalecer e que ficasse
expresso em comunicado a que foi dada intencionalmente dilatada difusão
pública, a vontade afirmativa, largamente maioritária dos militares sobre a
realização das eleições, que ali esteve em causa, tal como a discordância
acerca do voto em branco que foi preconizado, digamos, como alternativa. Na
Mesa, composta pelos membros do Conselho dos Vinte, teve papel decisivo na condução
da reunião e nos resultados finais o Presidente, General Costa Gomes.
Viveu-se pois num mar encapelado com
manifestações claras ou subtis de oposição às eleições, aí se situando também,
como atrás se aludiu, um minoritário mas activo conjunto de militares, e era
necessário manter o rumo e garantir a chegada ao objectivo pretendido. E a
caminhada prosseguia, intransigente nesse rumo, de quando em vez com um ou
outro abalo. Não foi fácil. E saiba imaginá-lo quem não pôde experimentá-lo.
Certa é uma coisa: foi tempestivamente
dada aos dirigentes do STAP uma directiva clara que adoptaram e difundiram
pelos seus colaboradores nos quais encontrou plena aderência: a de que o STAP
devia prosseguir as suas actividades indiferente, em tudo quanto possível, às
“intempéries” exteriores. Numa imagem talvez inspirada na profissão que fora a
do meu pai e clara no seu significado: pretendia-se que fosse criada uma linha,
tão férrea e segura quanto possível, na qual viesse a circular, sólida e
seguramente, o “comboio” das eleições que havia de chegar à estação terminal,
salvo caso de violento acidente/incidente no percurso. Outro mundo e
exclusivamente comigo, seria o de “cá de fora”, a actividade própria do
Ministério nas suas várias vertentes executivas e de acção ou reacção política
às “turbulências” sociais, as intermináveis reuniões do Conselho de Ministros,
as úteis ligações com a Comissão Coordenadora do MFA, as reuniões do Conselho
dos Vinte, etc.
E assim aconteceu, parece-me que como
elemento determinante das conclusões práticas pertinentes da “assembleia
selvagem” de 11 de Março acima referidas. As eleições tinham-se tornado
inevitáveis no consenso geral e disso se convenceram as facções políticas e
radicais a quem elas contrariavam as conveniências próprias.
Parecendo um tanto incongruente, ou talvez
não, com o parágrafo anterior, outro aspecto a salientar é o do sentimento
nacional praticamente generalizado que conduziu a um nível elevadíssimo de
voluntariado para a coadjuvação nas actividades relacionadas com o recenseamento
e as eleições, para além de partidos e outras estruturas formais existentes ou
em formação. Cidadão que se disponibilizaram para apoiar as incumbências dos
Governos Civis e das Comissões Administrativas da Administração Local
entretanto implantadas, p ex, nas Comissões de Recenseamento, com identidade
própria, (foram constituídas mais de 4000), como mais tarde para a composição
das Mesas de Voto (estima-se que mais de 9000), enquadradas embora pelos níveis
orgânicos administrativos institucionais e neste último caso já com
representações partidárias.
No seguimento rigoroso de uma programação
elaborada no STAP e que a economia de texto impede que aqui refira o seu
detalhe, as operações de Recenseamento, para as quais se diligenciou por vencer
uma incredulidade instalada, foram programadas para terem lugar de 9 a 29
de Dezembro, mas houve necessidade de as prorrogar para 8 de Janeiro de 1975,
em execução de diplomas legais preparados para o efeito (DL 621-A/74 de 15 de
Novembro e 3/75 de 7 de Janeiro), podendo ler-se no preâmbulo
do primeiro uma referência às “dificuldades temporais para a realização do
recenseamento”, bem como uma exortação à participação como “jornada cívica à
escala nacional “ que teve correspondência e de facto foi : os recenseados
passaram dos cerca de 2.000.000 atrás admitidos para 6.231.372 (!),
entendendo-se bem a razão da prorrogação do prazo e as necessidades de
ajustamentos da Lei Eleitoral, durante cuja elaboração se fazia a estimativa de
uns 5 milhões de eleitores.
Desse número, e no cumprimento do que a Lei dispunha,
havia que eleger 250 deputados, daí resultando também… a necessidade de
promoção de trabalhos de adaptação do hemiciclo da AR, aumentando e melhorando
os 150 assentos que então existiam! O que evidentemente foi feito, para uso e
conforto dos futuros eleitos.
Em substancial paralelo temporal decorriam
os preparativos para a realização das eleições, regulados e reguladas pelo DL
621-C/74, igualmente de 15 de Novembro, que teve obviamente rigorosa execução.
Dispunha ele que o Presidente da República determinasse a data dessa
realização, tendo sido decidida a de 12 de Abril de 1975.
O seu anúncio público verificou-se com
presença pessoal na RTP em 11 de Fevereiro. Foi feito pelo Presidente da
República, General Costa Gomes, na sequência da alternativa que lhe pus, com
fortes razões que foram bem entendidas, de ser ele ou eu a fazê-lo. Ficou assim
e desde logo bem vincado o posicionamento dos militares sobre a matéria,
expresso pelo topo da sua hierarquia, que teve justificação e sequência na já
referida “assembleia selvagem”, um mês depois.
Todavia as ocorrências do “ 11 de
Março “, vieram a impor o seu adiamento, como já se disse, por eufemísticas
“razões de ordem técnica”, para 25 de Abril seguinte (DL 141-A/75 de 19 de
Março), em que realmente foram realizadas.
Essas razões vêm sendo explicitadas pela
História, não sendo exigível que o DL o fizesse.
No dia 6 de Fevereiro de 1975 atracou em
Xabregas o navio da República Federal da Alemanha “RUDOLFO S “ vindo de
Gotemburgo, transportando 90.036 quilos de papel destinado à elaboração dos
boletins de voto, bem como à execução de cartazes vários, posters, etc.
Em papel desse veio a ser impresso o
estímulo oficial de promoção da participação geral no acto eleitoral e sua
relevância: “VOTAR, UM DIREITO E UM DEVER”, que tem perdurado apesar de algumas
campanhas em sentido diferente, e vim a utilizar de novo com insistência nas
eleições de 1979. Mas é outra história.
Teve-se assim papel para publicidade (
52.719 kgs ) e para os boletins de voto (que tinham requisitos especiais de
opacidade), neste último caso no total de 1.284.000 folhas com o peso bruto de
41.649 kgs, que serviram para a impressão de 8.657.000 exemplares.
Este material foi oferecido pela Suécia no
seguimento do acordo que tinha sido assinado cerca de um mês antes entre
Portugal e aquele País por intermédio do nosso Secretário de Estado dos
Negócios Estrangeiros e o embaixador da Suécia em Portugal.
A Manutenção Militar, solicitada,
disponibilizou-se claro está, de imediato e graciosamente, para o armazenamento
das 148 “paletes” e conseguiu-se (!) junto do Secretário de Estado do Orçamento
e das Direcções Gerais das Contribuições e Impostos e das Alfândegas, (por
estranho que possa parecer relutantes nas decisões alegadamente por causa das
regras administrativas vigentes, posição que apesar de tudo se teve de
compreender…e ultrapassar), a obtenção de isenção de várias imposições… como os
impostos alfandegários e de transacções !
Em 9 de Janeiro de 1975 teve início nas
Comissões de Recenseamento, Juntas de Freguesia, Câmaras Municipais, Governos
Civis e Tribunais, a execução da programação elaborada pelo STAP sobre as
tramitações necessária para o acto eleitoral. Também a economia de espaço
impede que aqui sejam descritas, para se avaliar do seu detalhe e do rigor que
delas emana. Terminaria esta fase naturalmente em 12 de Abril, o que veio a ser
adiado como já se referiu, seguindo-se-lhe o que respeitava à formalização dos
resultados eleitorais. Tudo com muito próximo acompanhamento e controlo.
Foi realizada a determinação das
necessidades de material diverso e promovida a sua aquisição e distribuição, do
boletim de voto à esferográfica e ao lacre, com processos individuais para cada
artigo e mapas de controlo da sua chegada aos destinos. Que foram umas largas
dezenas.
O fabrico das Câmaras de Voto, ainda ao
serviço, foi entregue após concurso com caderno de encargos à Firma FAMO SUL,(
dispêndio de 1,291 M€ por conversão para preços de hoje -ph- usando o
coeficiente adequado, publicado pelo MFinanças) que ficou também incumbida da
sua distribuição pelos Governos Civis do norte de País…enquanto as destinadas
ao sul foram entregues e guardadas em armazém cedido pela CMLisboa. Houve 14
Câmaras Municipais que, elas próprias, e em data anterior, se encarregaram da
sua produção. Nas Ilhas Adjacentes, com vantagens económicas óbvias, foi
decidido o seu fabrico local.
A Guarda Nacional Republicana fez a sua
entrega em 3 distritos e a Polícia de Segurança Pública noutros tantos.
As Urnas, que também ainda aí se vêem, (€
322.000 -ph-) foram igualmente objecto de concurso com natural caderno de
encargos onde era feita a definição de características e estava incluída a sua
configuração permitindo o encaixe umas nas outras para transporte, o tapamento
da ranhura logo após a inserção do boletim …( para que os não houvesse
“adicionais”), o sistema de lacragem e segurança,tudo sob parecer técnico do
LNEC.
A avaliação das propostas foi feita por
uma Comissão designada para o efeito.
O seu fabrico foi adjudicado à firma
INDNORTE – Equipamentos de Escritório Lda, cujo nome merece que também aqui
seja citado não só pelo bom cumprimento do contrato, um dos cruciais e
realizado em circunstâncias um tanto adversas, como pelo sentido de
responsabilidade que foi evidenciado pelo nervosismo do seu representante que
comigo falou logo após a assinatura para trocarmos umas impressões sobre a
importância daquela adjudicação quer quanto a qualidade quer quanto aos prazos.
A firma encarregou-se da sua distribuição
em 10 Governos Civis do norte e centro e da colocação das outras em Lisboa,
onde se juntaram às câmaras de voto.
A GNR fez a sua entrega em 6 distritos, a
PSP num, a Força Aérea nos Açores e o STAP na Madeira… por via marítima.
À Imprensa Nacional – Casa da Moeda, na
altura sob a tutela dupla do Ministério da Administração Interna e do
Ministério da Finanças, com predominância administrativa do primeiro em feliz e
muito facilitadora ocorrência, foram cometidas uma série de incumbências que
levou a bom e oportuno termo.
Aí foram impressas, sem preocupações de
rigorosa sequência temporal, as Folhas Intercalares e de Rosto Para Cadernos de
Recenseamento, as Actas Eleitorais, boa parte dos Boletins de Voto, a
Compilação da Lei Eleitoral, as Credenciais, o Guia Prático das Eleições, os
Impressos de Apuramento Provisório das Eleições, as Instruções para Montagem
das Câmaras de Voto, as Listas de Descarga de Votos numeradas, “Posters” de
Boletins de Voto para esclarecimento, os Verbetes de Recenseamento, para citar
uma parte, mesmo que mais relevante, da sua participação, que incluiu em boa
parte dos casos a sua entrega aos destinatários, por vezes com recurso ao apoio
do Exército, GNR ou PSP.
As Actas Eleitorais merecem particular
referência pois foram entregues nos primeiros dias de Abril pela Força Aérea em
aviões e helicópteros em 18 capitais de Distrito , ficando a cargo do STAP os 4
restantes.
Numa tipografia que se fez integrar no MAI
e oriunda da Comissão de Extinção da PIDE/DGS, foi realizada a impressão das
Minutas de Certidões de Eleitor, Informações para Componentes das Mesas de
Voto, das Comissões Administrativas Autárquicas e dos Governadores Civis e
esclarecimentos interpretativos do DL 621-C/74, já citado, sendo a sua
distribuição feita pelos meios militares e outros que vinham sendo correntes.
Tiveram o MAI e o STAP entretanto de
confrontar-se com o problema bastante delicado da obtenção em várias origens da
lista dos detentores de incapacidade eleitoral activa e passiva, que veio a
resultar também volumosa. Esta lista foi aliás muito sindicada por exaltados e
militantes “defensores da democracia”, disfarçando muitas vezes
vulnerabilidades próprias ou baixos revanchismos. Donde a delicadeza muitas
vezes confrontada na sua elaboração.
Houve que fazer a impressão e distribuição
dessas listas pelas Comissões de Recenseamento, no que se veio a contar com a
prestimosa colaboração do Instituto Hidrográfico (!) e ainda e também da IN-CM.
Pode inferir-se do que antecede o nível de
detalhe de um planeamento em adequado tempo levado a efeito, com definição da
necessidade ou mera conveniência, elaboração do modelo e acompanhamento da
execução e da entrega.
Foi assim que, dentro do que acima se
disse, à Imprensa Nacional – Casa da Moeda coube a impressão, de entre os
8.657.000 boletins de voto já referidos, dos que se destinaram a 8 distritos do
Continente e aos 4 das Ilhas, tendo sido adjudicada à firma ORBIS – Edições
Ilustradas os referentes a outros 4 distritos, à firma NOVOTIPO os de 3 e à
Firma MANUEL A. PACHECO os dos restantes 3.( € 59.100 -ph- no total ).
(Como curiosidade pode referir-se que,
depois de prontos, os boletins de voto foram empacotados em maços de mil tendo
a embalagem a indicação do Distrito a que se destinava, além de estar
devidamente lacrada. A sua recepção verificou-se na IN-CM estando sempre
presente um delegado do STAP. Em todos os maços foi aposto o carimbo próprio e
a rubrica do delegado. Só depois, então, se procedeu ao envio para todos os
Governos Civis).
A distribuição, rodeada dos maiores
cuidados, foi feita pelo Exército num Distrito, pela Força Aérea em outros 7 do
Continente e nos Açores e Madeira, pela GNR em mais 9 e em Lisboa,
naturalmente, disso se encarregou o próprio STAP.
E chegamos ao Dia D
A Fundação Calouste Gulbenkian, pela voz
muito cortês e mesmo expressão agradada do seu Presidente Dr Azeredo Perdigão,
correspondendo à solicitação que lhe fiz, colocou à disposição do Ministério da
Administração Interna todo o piso, serviços, salas e auditório, em que vieram a
ser instalados os recursos e serviços adstritos ao acto eleitoral, desde o
centro de escrutínio, núcleo de toda a actividade naquelas instalações, até aos
recursos para alimentação, rudimentares mas suficientes para as carências que
se previam e realmente se verificaram com o elevado número de nacionais e
estrangeiros que ali ocorreram. As novidades são sempre atractivas da
curiosidade.
O rigoroso controle de entradas e saídas
era realizado por elementos da PSP.
Houve o apoio técnico e de meios de
elementos dos CTT.
Foram criadas condições de acompanhamento
da chegada dos resultados eleitorais, na precariedade qualitativa dos meios de
transmissão então existentes e que não é demais referir, porque redundou numa
agora impensável noite completa despendida na recepção de dados.
Foram definidos os locais destinados às
comunicações do STAP, em particular com os Governos Civis, às conferências de
imprensa e às instalações para os órgãos de comunicação social, nacionais e
estrangeiros que, como se disse, afluíram em grande e responsabilizante número,
como evento que era com particularidades especiais e singulares, até no
contexto europeu, que verifiquei estar expectante e interessado.
A ansiedade pairava sobre o modo como
decorria o acto eleitoral por todo o País e depois do seu encerramento, com a
sucessiva chegada dos respectivos resultados.
Para este efeito, foram criadas três vias
que assegurariam, supletivamente se necessário e no conjunto, a sua realização:
a telefónica, para o imediato, a do telex para a formalização documental e a
via rádio militar, com recepção centralizada no Regimento de Transmissões, na
Graça.
Contou-se, no Centro de escrutínio, com
dezenas de pessoas dos CTT, do computador e militares.
Destaque particular de entre estes, para
os operadores de telex, cadetes da Escola Naval que em tempo oportuno haviam
recebido formação especial para o efeito. Deles sairiam os dados a considerar
formalmente.
Eu, gentilmente convidado pelo meu substituto
no Ministério para o IV Governo Provisório (que veio a cessar em 8 de Agosto),
o meu colega Ten Cor Arnão Metello, assisti durante toda a noite à evolução dos
dados vindos de um mastodôntico computador,(€184.100 -ph- pela utilização), com
os elementos do STAP, em particular o seu Director Almeida e Costa e o ex-Chefe
de Gabinete. (Face à minha prevista e desejada saída do Ministério após o “11
de Março”, e para que o processo fosse acompanhado com segurança até final,
tinha tempestivamente pedido com empenho a ambos que se não afastassem do
processo em qualquer tipo de solidariedade, ao primeiro que não resignasse –
sendo isso ou não o elemento determinante da sua continuação em funções – e ao
segundo que aceitasse ser adstrito à CNE, o que promovi).
Fui assim mais um espectador atento e
muito particularmente interessado…
E fazia exactamente um ano que também
passara uma noite em claro, dessa vez no Quartel da Pontinha, Posto de Comando
das operações do “25 de Abril”.
Regressei a casa ao alvorecer e à tarde
fui com a família para casa dos meus pais, no Pombalinho (Golegã), respirar
fundo e de alívio, levando comigo os resultados finais.
E sei que estive nisso muito acompanhado e em muitos
sítios.
A Comissão Nacional de Eleições, como lhe cabia, fez publicar em 19 de Maio seguinte ma II série do ainda Diário do Governo os resultados oficiais:
A Comissão Nacional de Eleições, como lhe cabia, fez publicar em 19 de Maio seguinte ma II série do ainda Diário do Governo os resultados oficiais:
-
Inscritos - 6.231.372
- Votantes - 5.711.829 - [91,7%]
- Nulos - 393.219 - [6,9%]*
- Abstenções - 519.543 - [8,3%]
- Votantes - 5.711.829 - [91,7%]
- Nulos - 393.219 - [6,9%]*
- Abstenções - 519.543 - [8,3%]
(* Nota: em 1975 não havia
do ponto de vista legal a distinção entre “voto em branco” e “voto nulo” que
apenas surge em Janeiro de 1976 – DL 93-C/76 - )
(* Nota: em 1975 não havia do ponto de vista legal a distinção entre “voto em branco” e “voto nulo” que apenas surge em Janeiro de 1976 – DL 93-C/76 - )
(* Nota: em 1975 não havia do ponto de vista legal a distinção entre “voto em branco” e “voto nulo” que apenas surge em Janeiro de 1976 – DL 93-C/76 - )
O Partido Socialista (PS) obtivera 37,9%, o Partido Popular Democrático (PPD) 26,4%, o Partido Comunista Português (PCP) 12,5%, o Centro Democrático Social (CDS) 7,6%, o Movimento Democrático Português/Comissão Democrática Eleitoral (MDP/CDE) 4,1% e finalmente a União Democrática Popular (UDP) 0,8%, com o que tiveram a correspondente representação parlamentar para a incumbência de "levar a carta a Garcia" pela elaboração da nova Constituição da República.
E uma outra coisa se afirmou e é
indelével:
OS MILITARES CUMPRIRAM A PALAVRA DADA AOS
SEUS COMPATRIOTAS EM 25 DE ABRIL DE 1974.
Epílogo
Em epílogo, seja-me relevado o orgulho pessoal e possível corporativismo que se reflita em duas citações, em contraposição a escritos e falas anti-castrenses de pretensamente renomados cronistas ou auto-assumidos políticos de ocasião e oportunidade:
Em epílogo, seja-me relevado o orgulho pessoal e possível corporativismo que se reflita em duas citações, em contraposição a escritos e falas anti-castrenses de pretensamente renomados cronistas ou auto-assumidos políticos de ocasião e oportunidade:
1 - Da carta do Tenente
Coronel Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque dirigida ao Príncipe D. Luís
Filipe, de quem foi Preceptor e Aio, em finais de 1898:
-..."E como ninguém pode ensinar aquilo que não sabe, ou que não tem praticado, foi El-Rei procurar o vosso Aio à classe única em que se encontra quem obedeça sem reticências e manda sem hesitações."...
-..."Este reino é obra de soldados"...
-..."E como ninguém pode ensinar aquilo que não sabe, ou que não tem praticado, foi El-Rei procurar o vosso Aio à classe única em que se encontra quem obedeça sem reticências e manda sem hesitações."...
-..."Este reino é obra de soldados"...
2 - Do relatório do embaixador
dos EUA Frank Carlucci apresentado ao Congresso em 1977:
-... "tem sido uma
experiência muito inspiradora observar um país emergir de 50 anos de ditadura,
separar-se de um dos mais vastos impérios coloniais do mundo e recuperar,
através da vontade do povo e sublinho isto porque, em retrospectiva, foram
claramente as eleições livres o ponto de viragem na situação portuguesa, para
ver instituições democráticas estabelecidas e os militares regressarem
voluntariamente aos quartéis e para as suas missões profissionais. Sublinho que
isto foi feito num período de dois anos sem qualquer derramamento significativo
de sangue. Parece-me que é um caso único no mundo"...
Pombalinho, 30 de Agosto de 2013
Cor Art CCEM [Ref]
GCIH,GCL,GCIC
ET: Os meus agradecimentos ao meus amigos Director Geral da Administração Interna Dr Jorge Miguéis, - também pelos dados que me proporcionou colmatando a memória - Coronel Mário Stoffel Martins e Comandante Luís Manuel Dias da Costa Correia, todos companheiros nestas campanhas de cidadania, os dois primeiros na vivência do que atrás ficou descrito e o terceiro no seu rescaldo ao integrar o STAP e mais tarde em situação congénere como seu Director no final do intenso "ano eleitoral" de 1976, nas primeiras eleições autárquicas.
Ao Cor Stoffel Martins e ao Cmdt Costa Correia agradeço ainda a leitura crítica que fizeram para a recordatória ter mais suficiência.
Pombalinho, 30 de Agosto de 2013
Cor Art CCEM [Ref]
GCIH,GCL,GCIC
ET: Os meus agradecimentos ao meus amigos Director Geral da Administração Interna Dr Jorge Miguéis, - também pelos dados que me proporcionou colmatando a memória - Coronel Mário Stoffel Martins e Comandante Luís Manuel Dias da Costa Correia, todos companheiros nestas campanhas de cidadania, os dois primeiros na vivência do que atrás ficou descrito e o terceiro no seu rescaldo ao integrar o STAP e mais tarde em situação congénere como seu Director no final do intenso "ano eleitoral" de 1976, nas primeiras eleições autárquicas.
Ao Cor Stoffel Martins e ao Cmdt Costa Correia agradeço ainda a leitura crítica que fizeram para a recordatória ter mais suficiência.